quinta-feira, outubro 28, 2010
sexta-feira, outubro 22, 2010
Canção da Semana : RAUL SEIXAS - PARANÓIA
Lembrei desta quando estava fazendo uma discussão sobre micropoderes. :)
Estranhamento
Estavam ali dois jovens rapazes a almoçar e a maquinar uma porção de engenharias sobre a vida e coisas relativas a esta , com extremo entusiasmo. Neste entusiasmo um disse ao outro:
- Quando for rico levarei minha namorada a um Motel caríssimo e então …. -Afirmava com grande exclamação o primeiro.
O outro o fitava também cheio de entusiasmo e envolvido nas fantasias do amigo , provavelmente pensasse proceder de igual forma com sua namorada caso tivesse chance.
Assim se passava o tempo na conversa animada entre os dois amigos. Porém, em determinado momento , um outro mancebo passava desapercebido entre os amigos que ali confabulavam, quando o primeiro exclamou em um tom afetado , tal e qual a de uma menina:
- Rodrigo! Rodrigo heartbreak!
O rapaz então parou um instante o fitou e acenou querendo disfarçar a sua emoção e aprovação.
Por um momento no refeitório houve um silêncio profundo entre os comensais que partilhavam aquele espaço , os rapazes se entreolharam , voltaram ao ciso inicial e a vida prosseguiu.
O estranhamento se fez.
quarta-feira, outubro 20, 2010
sexta-feira, outubro 15, 2010
Divagação Eleitoral
Hoje olhando para a campanha eleitoral, e toda a sujeira que tem sido lançada contra a Dilma Roussef, pelo malfadado e mal intencionado candidato da oposição José Serra , me lembrei desta canção do Cazuza.
Aos Indecisos
Já postei este texto aqui algumas vezes, e sempre o leio , quando tenho algum tipo de dúvida ou vontade de desistir ou deixar o barco correr. Isto ocorre por se tratar de um texto bastante inspirador contra a inação e a indiferença ,mas, sobre tudo nos momentos de indecisão.
Os Indiferentes
Antonio Gramsci
11 de Fevereiro de 1917
Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que “viver significa tomar partido”. Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.
A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.
A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.
A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.
Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.
Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.
domingo, outubro 03, 2010
Vai Uma Chuvinha ?
Sem Sentido
Qualquer coisa que o valha
Não valha
Todo cantor
Que tem dor
Acaba virando adjetivo
Adjetivado
Adjetivo de Leminski:
Leminskiano
Adjetivo de Kafka:
Kafkiano
Adjetivo de Marx:
Marxiano
Marxista
Ser adjetivo para si mesmo
Para os outros
Deve ser um saco!
Substantivo talvez seja melhor
Substantivo Comum ou Abstrato
Abstrato talvez
Comum jamais!
Que jamais!
Já mais!
Mais!
Ais !
Is!
(isso tá meio besta!)
Falta de originalidade pode!
E deve