Por estes dias uma canção não tem saído da minha mente, toca indefinidamente, de tempo em tempo, a qualquer instante e momento. É uma melodia relativamente antiga, velha para alguns e jurássica para outras. Tem uma a sutileza e a rudeza das obras, prédios e ruas da cidade , que por vezes parece estar materializado nos olhos vazios e embotados das pessoas que circulam pelas ruas.
Da solidão e da indiferença que se fazem presente em todos os lugares e momentos, afinal “Uma multidão não é companhia e nem tão pouco rostos familiares fazem amigos” , neste panorama as pessoas caminham impassíveis para rumo ignorado.
Por vezes , nos muitos ônibus que apanho diariamente , me detenho a observar as pessoas que partilham aquele espaço comigo, vejo a mãe que cuida do filho , a velha senhora que reclama da vida ou simplesmente faz seu tricô, o sono do trabalhador que se acha cansado pelo dia duro de trabalho ou pela noite mal dormida e os adolescentes barulhentos no fundo do coletivo, mas, apesar de todo este movimento o silêncio reina solene. O silêncio que reina é um silêncio diferente , algo perturbante , já que como na canção :
“Pessoas conversando sem estar falando.
Pessoas ouvindo sem estar escutando
Pessoas escrevendo canções
Que vozes jamais compartilharam
Ninguém desafiou
Perturbar o som do silêncio”.
Havia algo de quase melancólico neste silêncio, que é o silêncio do individualismo , que talvez seja o grande mal que se espalha e corroê os espíritos, tornando-os envelhecidos e passivos. Não obstante a este silêncio, ainda existe o espírito da juventude que se explicita na algazarra dos jovem , que inconscientemente se apercebem deste estado de coisas . E que quando calados , respondem ou dialogam , por meio dos muros , mensagem sem nexo nas paredes dos ônibus e terminais e que de uma forma ou de outra buscam romper com este estado de coisas, embora, estes gritos em meio ao silêncio , muitas vezes não tenham eco, eles fazem-se ouvir rompendo ‘o som do silêncio” que persistem em permanecer.
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