Hoje sai para buscar um lanche, e busquei pelas antigas panificadoras da cidade em busca daquele prazeroso café de fim de tarde.
Andei algumas quadras do meu trabalho , sem nada encontrar. Caminhei algumas ruas mais e encontrei algumas panificadoras que em nada lembravam aquelas que outrora conheci. Estavam velhas, mal cuidadas , com aquelas “luzinhas” fracas sem aquele ar agradável e morno com cheiro de coisa fresca, que em outros tempos perfumavam a atmosfera. Pensei comigo, “sinal dos tempos”!
A garoa caia melancólica pelas ruas de paralelipípedo, iluminada pelas antigas andaluzas , que insistiam em lembrar um passado que não mais existia. Neste momento, a melancolia deu lugar a reflexão, assim, como as antigas lojas (boutiques) de pão deram lugar aos inúmeros pontos que vendem frango frito e pães de “queijo” recheados de vento. O que acontecera aos pães e ao café?
Talvez o mesmo que tenha ocorrido a cidade que ao crescer descontroladamente querendo ser metrópole, quis apagar de sua memória tudo aquilo que trazia à memória a Capital com ares de interior. Querendo ser cosmopolita , na busca de ser aquilo que não estava preparada para ser, sem pensar nas amarguras do crescimento.
Tal e qual as belas celebridades que buscam a beleza a qualquer preço, não esperou o tempo correr ao seu sabor , as transformações operarem por si. Por conta própria e sem pedir contas a ninguém operou em si uma plastica, cortando-se e mutilando-se , nas mãos de charlatões bem pagos que lhe prometeram mundos e fundos.
A princípio, a transformação pareceu benéfica , tudo corria bem, no entanto, as cicatrizes começaram a surgir , e a beleza vista a distância , vista mais de perto revelava a monstruosidade. Monstruosidade vista nas coisas mais simples, ou simplesmente na falta delas, que a fizeram perder a graça e o brilho de outros tempos, o seu sabor e seu perfume , feitos de uma doce xícara de café daquela panificadora que ficou no passado do grande centro.
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