Quando se fala em Curitiba e Carnaval, parece a princípio que estas duas coisas não combinam em uma mesma frase, já que segundo a imprensa local e alguns veículos de comunicação, a folia da Capital Paranaense é desanimada , sem graça e que o curitibano em geral , não está nem aí para a festa de Momo.
O que existe nisto tudo é uma meia verdade, e um tanto de higienização social, mesclada com um conjunto de elementos e ideologias conservadoras que pairam pela cidade e que lutam para por fim ao evento por estas paragens.
De fato. O carnaval não é das minhas festas favoritas, mas, é um evento cultural bastante importante, e que torna visível, principalmente neste período , grupos e elementos e que são ignorados boa parte do ano. Um destes elementos contraditórios é a questão das etnias , no caso , a ideia de “Capital das Etnias” , na qual os afro-descendentes e representantes de outros grupos étnicos, não europeus, são literalmente varridos para debaixo do tapete e o que isto tem a ver com o carnaval?
Tudo . Uma vez, que esta festa expõe o lado que não se deseja mostrar da Capital das Etnias , que é o seu lado negro , e aqui cabe o seu duplo sentido.
As políticas em torno da festa , de um modo geral, tem caminhado no sentido e esvaziá-la , deslegitimá-la e até em certos aspectos de criminalizá-la.
A coisa de modo geral não é feita de modo claro. Primeiro o que se fez foi retirar o desfile das vias centrais da cidade , com a desculpa de que atrapalhava o transito, depois os bailes populares foram transferidos do centro para a periferia sem uma justificativa clara , os horários dos desfiles e incentivos dados a festa são pouco claros e confusos, o que faz com que a as pessoas deixem ou evitem frequentar os eventos, a tentativa de uma malfadada lei que algum tempo atrás propôs a fim da festa em nossa cidade , entre outros aspectos o que mais me chamou a atenção foi o enorme contingente de policiais que se concentrava junto e dentro do Memorial de Curitiba , onde ocorria um evento das Escolas de Samba da cidade. Este fato me chamou a atenção pois ali perto ocorria o Psico Carnival , que continha pelo menos dez vezes mais gente, porém , uma proporção dez vezes menor de policias, se isto não é criminalizar a festa afro da cidade , não sei o que significa.
Poderia tecer uma porção de comentários qui e dizer simplesmente que a função era evitar violência e que os carnavais antigos é que eram bons e que de fato a festa na cidade perdeu o seu sentido e que o povo aqui não gosta mesmo da festa.
Deste modo o que tem ocorrido com a Festa de Carnaval da cidade , não tem a ver com o fato de as antigas festas serem melhores ou de que o povo daqui não gosta de festa ou acha ela sem graça, mas, antes um sistemático processo de deslegitimação da festa , da exclusão , ainda que insidiosa, daquilo que “inteligencia” curitibana acredita sem classe e sem graça e que em nada tem a ver com a imagem europeia que se quer firmar da cidade.
Afinal, carnaval é coisa de pobre e negro, e que na Europa imaginada não existe e nem ficaria bem, somos uma Capital Europeia.
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